“O conhecimento é algo que ninguém pode tirar de nós”

Assim que se entra na casa de Gabriel Soares, um quadro pendurado na parede da sala se destaca. Essa arte, feita pelo jovem para presentear a mãe no final do primeiro ano de estudo na Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), retrata duas de suas paixões: o trabalho no campo e os animais.

O estudante de 18 anos, agora cursando o último ano do ensino médio integrado ao técnico em Agropecuária na instituição parceira da Fundação Norberto Odebrecht, sempre gostou de bichos. Junto à sua família, composta pelo pai, Antônio, a mãe, Andreia, e a irmã, Beatriz, criavam suínos em seu quintal. Sem o domínio da prática, entretanto, não conseguiam obter lucros com a atividade.

Com o objetivo de aperfeiçoar suas técnicas, Gabriel iniciou, no ano de entrada na escola, a implantação do Projeto Educativo-Produtivo (PEP) de suínos em sua propriedade, recebendo apoio com insumos e a monitoria de educadores da CFR-PTN para o constante aprimoramento. Somados os aprendizados que obteve à sua dedicação, a criação não só apresentou lucratividade como conquistou altos faturamentos.

A conduta e organização do futuro empresário rural na gestão do projeto foi algo que se destacou entre os integrantes da Casa Familiar. “Ele fazia o manejo de forma extremamente correta, sempre no horário certo, e com cautela para a higienização dos animais. Foi algo surreal para a gente, porque ele teve um resultado esplendoroso”, conta Wnderlan Viana, zootecnista e monitor da instituição.

O jovem, que já manejou oito suínos de vez, animais que chegaram a pesar 125 kg cada, conta que o seu negócio está indo de “vento em popa”, e garante que o sabor da carne que vende é diferente das demais. “A carne de porco vendida no mercado tem outro gosto, porque esses animais foram criados em granja e só comeram ração. Aqui, temos o cuidado de incrementar sua alimentação com sobra de banana, mamão, abacate e jaca”, diz Gabriel.

A renda proveniente desta criação de suínos, inclusive, é reinvestida em outros cultivos como o de banana-da-terra, mas também faz muita diferença para ajudar dentro de casa. O desempenho do jovem como produtor rural chamou tanta atenção que ele se tornou referência em sua comunidade, no município de Teolândia (BA). O estudante agora desempenha um importante papel como agente da mudança: ele contribui, através de ações multiplicadoras, transferindo os conhecimentos que adquire na CFR-PTN para agricultores familiares da sua região.

Estudos de análise do solo da localidade, ensinamentos sobre a nocividade do uso de agrotóxicos e a importância do Livro Caixa para gerenciamento administrativo e financeiro de produtores rurais foram apenas algumas das iniciativas e temas de trocas de conhecimento com a sua comunidade. “Quando finalizamos uma ação multiplicadora, sempre pedimos sugestões de novas pautas. Se não dominamos o assunto, estudamos e retornamos com aprendizados novos para todos”, conta Gabriel.

A renovação do saber e expansão das experiências, inclusive, é algo que impulsiona e motiva o estudante. “A gente nunca sabe de tudo. Sempre temos que buscar novos conhecimentos, inovar em nossas técnicas”, afirma. A sua mãe conta que Gabriel sempre foi um menino esforçado, mas que a entrada na CFR-PTN trouxe uma mudança notável no filho e em seus colegas. “É nítida a evolução dos alunos. Atualmente, a maioria dos jovens querem sair da zona rural, mas com o acesso ao ensino da Casa Familiar percebem que é possível permanecer no campo, desenvolvendo um belíssimo trabalho com suas famílias”, conta Andreia.

E essa é a vontade de Gabriel. Apesar de cogitar cursar veterinária ou zootecnia na faculdade, segundo ele, o que quer mesmo é continuar trabalhando com o pai. “Hoje alcançamos um patamar superior ao que já vivemos, e eu sei que isso só foi possível a partir de muito empenho e estudo. Afinal, o conhecimento é algo que ninguém pode tirar de nós, ele sempre apresenta uma nova visão de futuro”, finaliza Gabriel, com a certeza de que ainda tem muito a somar e a crescer em sua trajetória no campo.

Fonte: Fundação Norberto Odebrecht

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